Ao adormecer, vi meu espírito no mundo espiritual, cheio de angústia. Eu enxergava através dos olhos do meu próprio espírito e, inicialmente, tentava alcançar uma tela naquele plano e ligá-la. Foi então que percebi que não estava no mundo físico, mas sim em transição para o mundo espiritual.
Nesse momento, entrei em desespero. Tentei me levantar e disse a mim mesmo: “Preciso alcançar isso aqui, aqui mesmo nesse mundo espiritual.” No entanto, percebi que apenas meu espírito se movia ali e não senti a presença do meu corpo físico.
Olhei na visão e vi que o meu espírito estava tomado por uma aflição profunda, e então comecei a orar. Clamava ao Eterno por perdão pelos pecados do mundo físico, por não ter alcançado, até aquele momento, a plenitude espiritual na Terra. Minha alma sofria, e meu espírito, suplicava a misericórdia do Eterno:
— Ó Eterno, meu Deus, tem misericórdia de mim e da minha vida na Terra! Não consegui seguir adiante em elevação diante de ti…
Meu clamor era angustiado, um lamento sufocado pelo peso das minhas falhas no mundo físico.
Ao perceber que meu espírito estava no mundo espiritual e não terreno, tentei retornar ao meu corpo. No entanto, percebi que estava distante, separado dele. Talvez, naquele instante, eu já estivesse sem vida na Terra, pois não havia ligação do espírito com o corpo físico.
Por um momento, senti-me dividido entre permanecer no plano espiritual ou voltar ao corpo. Desesperado, procurei qualquer sensação que indicasse que ainda estava ligado ao mundo físico. Tentei mover meu espírito na esperança de que, ao atingir o corpo, ele caísse no chão e, com o choque, me despertasse…
Mas percebi que meu espírito estava longe, distante do meu corpo. Levantei-me dali e, de repente, lençóis escuros e pesados surgiram sobre mim, tentando me sufocar e aprisionar-me; eles eram como nuvens. A opressão era intensa, tornando ainda mais difícil sair daquele lugar onde eu estava deitado.
Com esforço, consegui me levantar e caminhei por uma sala vasta, sem paredes, um espaço imenso envolto em um cenário acinzentado, que parecia frio e sombrio. Era como se estivesse em um lugar apenas dos espíritos dos homens, um mundo baixo, um nível abaixo onde a presença do Eterno não é recebida.
Continuei andando por aquele ambiente estranho, mas a cada passo, novos desafios surgiam. Sentia-me perdido, clamando ao Eterno, pela minha vida terrena, de angústia era o meu clamor. Enquanto caminhava, meu espirito se enchia de aflição, e minha única esperança era clamar ao Eterno novamente.
— Ó Eterno, tem misericórdia da minha vida e da minha existência!
Minha oração ecoava naquele mundo, buscando uma resposta, uma saída…
Caminhei até outro aposento e, ao me aproximar, vi algo se movendo. Uma presença estendeu as mãos para mim. Era um espírito. Meu coração se encheu de amor, e tentei abraçá-lo, dizendo:
— Deixe-me te mostrar o amor.
Mas o espírito resistiu. Sem entender sua recusa, segui meu caminho, ainda clamando ao Eterno, angustiado e enfrentando dificuldades naquele mundo espiritual.
Perguntas invadiram meu espirito: Por que estou aqui? Onde realmente estou? Estaria dentro da minha própria consciência? Eu mesmo me perguntava. Estou no mundo dos espíritos do homem? Ou em algum outro lugar? O que eu sabia era que estava longe do meu corpo físico, separado da realidade terrena. Ao mesmo tempo distante do Eterno. Dos níveis alto e de maior elevação espiritual.
De repente, me vi de volta, no exato lugar onde tudo começara. Deitei-me novamente e, no mesmo instante, os lençóis escuros retornaram, tentando me envolver. Lutei para me livrar deles, mas, num piscar de olhos, despertei em meu corpo físico.
Acordei assustado, com o coração acelerado. Mas, surpreendentemente, um desejo intenso tomou conta de mim: eu queria voltar para lá. Sentia a necessidade de desvendar aqueles mistérios espirituais. Todos os espíritos dos homens estão em um lugar espiritual como esse? Desesperados por seus pecados e ações na terra? Implorando a Deus por mais tempo e misericórdia?
Tentei dormir novamente, mas a preocupação em registrar cada detalhe da visão foi mais forte. Então, levantei-me e escrevi este relato, encerrando aqui minha experiência no mundo baixo dos espíritos.